sexta-feira, 30 de novembro de 2007

ENTREVISTA DO GRUPO PATO FÚ PARA O SITE VAGALUME EM O6 DE MARÇO DE 2006

ENTREVISTA DO GRUPO PATO FÚ PARA O SITE VAGALUME
06 DE MARÇO DE 2006
"... O melhor da música pop é que cada pessoa faz sua leitura de acordo com suas próprias experiências ...", Fernanda TakaiVaga-lume - 06 de Março de 2006
Deve ter alguma coisa nas águas mineiras que faz com que todos por lá sejam companheiros, amigos e “super-família”. Basta ver que de todas as bandas pop que despontaram nos anos 90, praticamente só as mineiras ainda continuam com a formação original (Skank, Jota Quest e Pato Fu). O caso dos últimos é bastante sintomático. O grupo consegue se manter junto e cada vez maior (o antigo trio agora é um quinteto) em um mercado cruel que costuma deixar até as pessoas mais tranqüilas em estresse emocional profundo. Na verdade goste-se ou não do som da banda, é preciso admitir que seria muito melhor para o nosso cenário se tivéssemos mais bandas como eles. Um grupo com uma base fiel de fãs, que sobrevive em uma grande gravadora e que não precisa passar pelos problemas causados pela super-exposição e fama excessiva.
O Pato Fu lançou ano passado seu oitavo disco e continuam se divertindo como estreantes.
São respeitados pela crítica, vendem bem, e têm o respeito dos colegas de profissão mais velhos e novos. De quebra eles ainda dão uma força para pessoas à margem do esquemão, dando uma força para as bandas mais novas (como os gaúchos do Wonkavision que gravaram seu disco de estréia no estúdio caseiro dos mineiros) ou ajudando a tirar do limbo nomes fundamentais, como o ex-Mutante Arnaldo Baptista, que voltou aos estúdios graças aos esforços do guitarrista John (e de seu antigo parceiro e letrista no oitentista Sexo Explícito, Rubinho Troll). Foi para falar sobre tudo isso, além da vida de mãe, o projeto de lançar um clipe para cada música do novo disco e muito mais que batemos um papo com Fernanda Takai.
CONFIRA A ENTREVISTA AGORA!
Entrevista SITE VAGA-LUME COM A BANDA MINEIRA PATO FÚ:
VAGA-LUME: Vamos falar do disco novo. Eu achei que ele junta todos os patos Fus em um só (a banda de pop perfeitinho, o grupo experimental, o irônico...). Você concorda? Já tinham essa ideia no começo da gravação? FERNANDA TAKAI: Pode ser que só agora nesse oitavo álbum a gente tenha conseguido mostrar isso de forma mais eficiente. Em todos os discos que lançamos temos canções variadas assim, mas ao longo dos anos aprendemos a definir melhor o universo de cada uma delas, tanto na forma quanto na letra.
VAGA-LUME: Vocês tiveram alguma banda ou disco como inspiração para esse álbum? FERNANDA TAKAI: Não. A música que fazemos vem cheia de nossas memórias afetivas musicais de todos os tempos, de todas as partes do mundo. E ainda somos 5 músicos diferentes, cada um tem suas preferências. Isso é que possibilita a diversidade.
VAGA-LUME: Por falar em conceito eu queria saber como vocês decidem a cara que o disco vai ter. O John chega com as músicas e dita essa parte, ou rola uma discussão antes do processo de composição? FERNANDA TAKAI: A gente nunca faz um disco seguindo uma só sonoridade ou estilo. Não fazemos reunião pra formatar o disco e definir quem toca o quê, que instrumentos vamos ter etc. O princípio básico da banda é não ter limites estéticos. Vamos trabalhado cada canção separadamente, com sua sonoridade e características. Depois reunimos todas e temos um disco do Pato Fu.
VAGA-LUME: Nesse mês as três letras mais acessadas de vocês no nosso site foram: “Anormal”, “Perdendo Dentes” e “canção Para você Viver mais”. Fale um pouquinho delas. Em especial dessa última que, como você deve ter percebido, é uma canção que pode ser interpretada por cada pessoa de uma maneira diferente (um pouco como One do U2). FERNADA TAKAI: "Anormal" é sobre uma pessoa que fica meio que sofrendo por antecedência por uma relação platônica. Acaba fazendo tudo em função de outra pessoa, com uma expectativa muito grande. "Perdendo Dentes" é uma das músicas mais cantadas pela platéia nos shows. Talvez por todo mundo ter se sentido assim um dia. O melhor dela é a constatação de que não vale a pena brigar fisicamente. "Canção..." às vezes é percebida como uma música de amor apenas, mas é sobre algo maior. Por ela ter sido feito pro meu pai - o título é meu mas não conseguia fazer a música - tem uma carga emocional muito forte na gravação original e ao vivo também. Acho que é uma das mais bonitas que o John já fez. O melhor da música pop é que cada pessoa faz sua leitura de acordo com suas próprias experiências.
VAGA-LUME: E essa vida de mãe? Como está interferindo na banda? Está mais difícil pra fazer shows? FERNADA TAKAI: Ter filhos dá trabalho mesmo, mas é uma etapa muito boa em nossas vidas. Nossa filha já vai à escola e é uma garota muito bem-humorada, come bem, dorme bem. Fica mais fácil assim. Quando precisamos viajar, ela fica com minha mãe e uma pessoa que a ajuda durante o dia. Raramente levamos a Nina aos shows. A vida de uma banda na estrada não é muito confortável e nem um pouco saudável.
VAGA-LUME: E como é o John pai? Ele anda de coração mole? Será que isso vai mudar o jeito dele (e de vc também) compor? FERNADA TAKAI: John é um ótimo pai e me ajuda bastante. Mas isso tudo não afeta o nosso jeito de ser ou de compor. É uma experiência cotidiana das mais importantes que se soma a tudo que vivemos.
VAGA-LUME: Para esse disco vocês tiveram uma idéia já feita lá fora porbeta band e super Furry Animals. A de fazer diversos clipes de um mesmo disco. Como está indo esse processo? FERNADA TAKAI: Faz tempo que a gente queria fazer isso. Quando mixamo o Ruído Rosa (2001) em Londres, o SFA estava mixando o áudio 5.1 dos clipes de Rings Around The World no mesmo estúdio de masterização em que estávamos e depois de ver o resultado, ficamos com mais vontade ainda. Acontece que hoje é possível fazer clipes mais baratos e nem por isso menos legais. Temos 11 prontos e o DVD com todos eles tem previsão de sair no início de maio. Só que vai ter muito mais! Vários extras, bônus, etc etc. Assim como foi nos outros 2 DVDs que lançamos.
VAGA-LUME: Já dá pra chamar vocês de veteranos. Ainda hoje a trajetória de vocês impressiona por ser quase única. Você consegue me dizer por que o Pato Fu é uma exceção (banda que vende bem, mas que não chega a ser mega, com shows sempre cheios em lugares médios e público fiel que entende a proposta da banda) e não a regra que deveria ser? FERNANDA TAKAI: Tivemos momentos de mais visibilidade na carreira e isso ajuda nos números de disco, execução em rádio, shows. O que nos deixa mais feliz é que temos uma banda desde 92 e hoje estamos vivendo da música que fazemos, independente de ser sucesso ou não. Um bocado de fatores colabora: o fato de termos investido em nosso estúdio, de termos um excelente produtor entre os integrantes, de gerenciarmos nossa própria carreira, de termos feitas algumas escolhas pessoais até. Não sei quanto tempo mais vamos ter como banda, mas já temos uma boa discografia e a música sempre fica...
VAGA-LUME: Outra coisa que achei curiosa foi ver que vocês colocaram mais um membro na banda de forma oficial. Hoje em dia todas a bandas preferem simplesmente deixar os novos membros como músicos contratados (de Stones e REM até Los Hermanos e Titãs). Porque o Pato Fu nada contra a maré também nesse quesito? (risos) FERNANDA TAKAI: Todos que fazem parte do Pato Fu tem seus projetos paralelos. John produz outros artistas e trilhas, Xande toca como convidado em shows, gravações e workshops, Lulu também tem suas outras bandas, Ricardo tem o Let's Presley (que só toca Elvis)... Mas no palco e no disco somos nós o Pato Fu.
VAGA-LUME: O show de vocês foi bastante elogiado, levando até o prêmio da APCA. Como vocês bolam a cara da turnê. Vcs preferem trabalhar com um repertório fixo ou curtem mudar o set list a cada noite? FERNANDA TAKAI: A gente define a lista da turnê. Dá bastante trabalho escolher o que entra e o que sai de um show. A gente faz listas pessoais e sai encaixando e argumentando como seria o setlist ideal... Quando há algum impasse vai pra votação simples mesmo. Cada um tem suas músicas preferidas, assim como os fãs. Sim, foi bem legal ter ganho esse prêmio. Sinal de que o disco "Toda Cura..." é mesmo um ponto positivo em nossa carreira porque estamos tocando 10 músicas dele na turnê.
VAGA-LUME: O Pato Fu foi uma banda que sempre abraçou a tecnologia tanto para compor/gravar quanto para divulgar a banda. Como você vê esse novo mundo de orkuts, my spaces, soulseeks e Ipods? Quando está navegando gosta de ver o que na net? FERNANDA TAKAI: É bem mais fácil divulgar um trabalho hoje do que no início dos anos 90, quando começamos. Mas a concorrência também é grande. A quantidade de links que me mandam pra eu conhecer novas bandas é enorme. Eu não tenho navegado tanto por falta de tempo mesmo. Gosto de visitar sites de artistas que ouço, leio jornais e revistas etc. Uso muito a rede pra serviços.
VAGA-LUME: Alías, que dicas você, uma veterana da rede (risos) pode dar às bandas mais novatas que querem tirar mais proveito com esse meio de divulgação? FERNANDA TAKAI: Façam um site bacana, isso motiva a gente a conhecer o som também. Acho que buscar bandas parceiras que estejam começando é legal também. Seja por afinidade de som, público ou jeito de trabalhar. Tentem trocar figurinhas pra viabilizar shows em lugares diferentes no melhor esquema "hospedagem mútua". O mais importante ainda é: estejam preparados pra tocar ao vivo quando isso for exigido de vocês!
VAGA-LUME: Vocês também são conhecidos por darem força para o pessoal mais novo. O Wonkavision gravou o disco deles com vocês, por exemplo. Quem da nova cena brasileira você indicaria pros nossos leitores e existem planos para vocês produzirem mais alguma banda nova? FERNANDA TAKAI: Vai sair neste semestre ainda o disco da Érika Machado uma compositora e cantora que gravou aqui em casa com produção do John. Acho que é das artistas mais interessantes que vem por aí! Também foi finalizado aqui o disco do Digitaria (uma banda excelente) que sai pela Gigolo Records da Alemanha.
VAGA-LUME: Para terminar deixe uma mensagem para os nossos internautas fãs do Pato Fu. FERNANDA TAKAI: Não percam os shows da turnê Toda Cura Para Todo Mal que vai viajar por país até dezembro! E não percam o DVD com todos os clipes do CD + cenas de turnê + making of do disco! Visitem www.patofu.com.br! Ufa! É só!beijinhos, Fernanda.

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